As principais reportagens do Diálogo Chino em 2021

De soja a cavalos marinhos, de transição energética a extremófilos, a equipe do Diálogo Chino compartilha suas principais histórias de um ano agitado

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Moradores das "zonas de sacrifício" do Chile tiveram sua saúde prejudicada pela poluição proveniente da energia a carvão. Agora, essas cidades iniciaram uma transição energética para fontes limpas (Imagem: Saul Mansilla)

Acometido pelas variantes Delta e Omicron da Covid-19, 2021 viveu um contínuo “para e volta” dos calendários do clima e da política.

A COP26, a cúpula climática da ONU postergada em razão da pandemia, resultou no Pacto de Glasgow, mantendo viva a “esperança cautelosa” de frear o aquecimento global. Equador, Peru, Honduras e Chile escolheram novos presidentes, com consequências para as indústrias mais expostas a questões ambientais e para as relações com a China. Beijing, por sua vez, prometeu cortar o financiamento de projetos movidos a carvão no exterior e expandir os investimentos internos em energias renováveis, como parte do 14º Plano Quinquenal, um programa de desenvolvimento lançado em março deste ano e que tem implicações no mundo todo.

Além de eventos de destaque, o Diálogo Chino contou uma série de histórias pouco exploradas sobre a China, a América Latina e o meio ambiente. Compartilhamos com nossos leitores perspectivas e insights exclusivos ao longo do ano e destacamos alguns desses trabalhos selecionados pela nossa equipe de editores.

Alejandra Cuéllar, editora de México e América Central: Comércio ilegal de cavalos-marinhos entre México e China

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Imagem: Helmut Corneli / Alamy

O comércio de cavalos-marinhos entre o México e a China raramente é analisado a partir dos dois países. Em colaboração com jornalistas da agência HK01 de Hong Kong, mergulhamos profundamente no comércio ilícito dessa criatura marinha à beira da extinção. Filmamos secretamente lojas e vendedores de Hong Kong que comercializam cavalos-marinhos, além de averiguarmos em que condições eles são pescados no México. E também conversamos com especialistas em medicina tradicional chinesa para entender o uso dos cavalos-marinhos, valorizados por suas supostas propriedades afrodisíacas.

Fermín Koop, editor para o Cone Sul: A complexa transição energética das "zonas de sacrifício" do Chile

Imagem: Saul Mansilla

Atingir as metas para combater as mudanças climáticas significa realizar uma transição energética de combustíveis fósseis poluentes para fontes limpas e renováveis. Para o Chile, esta tem sido uma tarefa complexa. Há muitos anos, o país tem confiado no carvão para grande parte de sua geração de eletricidade. Nesta reportagem, fomos até as cidades de Quintero e Puchuncaví, no Chile central, então descritas como "zonas de sacrifício" — áreas onde a poluição proveniente da energia a carvão era tão forte que afetou a saúde humana, mas que agora iniciaram uma transição energética para fontes limpas.

Lívia Machado Costa, assistente editorial: Recorde do agronegócio brasileiro apazigua atritos do governo Bolsonaro

Agronegócio brasileiro está em um verdadeiro boom no governo Bolsonaro
Imagem: Hugh Williamson / Alamy

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro fez vários comentários não diplomáticos em relação à China em 2021, apesar de o país asiático ser o principal parceiro comercial do Brasil e um importante produtor e fornecedor de vacinas. O agronegócio, entretanto, sentiu poucos efeitos adversos: 2020 foi seu segundo melhor ano em exportações em uma década, e o setor continua altamente dependente da China. Mergulhamos nos esforços entre os governos para proteger das tensões diplomáticas o agronegócio — maior contribuinte para o PIB do Brasil —, explicando o papel-chave da ministra da Agricultura Tereza Cristina.

Marina Bello, assistente editorial: O boom da soja na Argentina está chegando ao fim?

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Imagem: Nick Albi / Alamy

2021 foi o ano em que a Argentina, país quintessencial da soja, plantou a menor quantidade de grãos de soja em uma década. Seguimos de perto o movimento em direção ao plantio de culturas mais variadas, pois muitos produtores perceberam que a monocultura — e a erosão do solo que ela causa — funciona contra seus interesses econômicos. Eles vêm optando por integrar mais culturas como o trigo e milho. "O país da soja acabou, só resta o mito", disse um agrônomo. O tempo dirá se o mito será reavivado ou se a sustentabilidade vencerá a luta.

Robert Soutar, chefe de redação: Cristina Dorador, a bióloga que quer uma constituição verde para o Chile

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Imagem: Cristina Dorador

O Chile é uma terra de extremos: seus desertos secos do norte e as cordilheiras geladas da Antártida abrigam micro-organismos conhecidos como extremófilos, os quais, de alguma forma, prosperam. É também uma terra de extremos políticos, onde um cético do clima da extrema-direita enfrenta um ex-líder estudantil da esquerda em uma corrida presidencial. Em maio, Cristina Dorador, bióloga que estuda extremófilos no deserto de Atacama, rico em lítio, foi eleita para ajudar a redigir a nova Constituição do Chile. As opiniões esclarecidas de Dorador sobre os recursos naturais do Chile, seu papel na transição energética global e a simbiose da ciência e da política são refrescantemente pragmáticas.

Patrick Moore, editor assistente: Como foi a experiência de usar o bitcoin por um dia em El Salvador 

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Imagem: Víctor Peña / dpa / Alamy

O mundo frequentemente desconcertante das criptomoedas teve destaque em 2021, vendo preços recordes, choques, a repressão chinesa e até mesmo a tokenização de bois. Para a maioria de nós, a confusão continua a encobrir o fenômeno, mas isto provavelmente foi sentido com mais intensidade este ano pelos residentes de El Salvador, pois o país tornou-se o primeiro do mundo a reconhecer a bitcoin como moeda oficial. Houve afirmações atraentes sobre a alimentação de processos "mineradores" famintos de energia utilizando os vulcões do país. Porém, para os cidadãos lançados nesta experiência, reinou a confusão, com incertezas sobre como utilizá-la e em torno da volatilidade da moeda. Nossa história captou o agora familiar cabo de guerra entre o ceticismo que muitos sentem em relação à criptomoeda e o entusiasmo selvagem de seus defensores.

Li Yedan, pesquisadora: O hidrogênio pode se tornar o combustível do futuro?

Imagem: Kim Kyung-Hoon / Alamy

Com a urgência da transição energética, todos estamos preocupados com as novas tecnologias de combustível ou outros recursos que substituirão os combustíveis fósseis e oferecerão a esperança de um futuro de energia limpa. Esta matéria apresenta uma breve história do desenvolvimento do hidrogênio como fonte de energia e explica seus diferentes tipos, como o hidrogênio cinza, azul e verde. Além disso, discute diferentes perspectivas de apoiadores e duvidosos sobre o potencial de mercado do combustível. É uma ótima matéria para quem deseja entender o potencial a longo prazo de combustíveis alternativos, assim como os desafios que eles enfrentam em um mundo viciado no uso de petróleo.