Negócios

Como estão os projetos de investimento chinês na Colômbia?

Estudo esclarece o que fazem e suas consequências para o país

Há um ano, 32 comunidades de municípios do estado de Caquetá, na Colômbia, iniciaram um processo de resistência organizada para fazer frente ao avanço das companhias petrolíferas na região. Através das Comissões pela Vida da Água e o Conselho Estadual em Defesa da Água e do Território, a campanha teve impulso depois que o Governo Nacional cedeu o contrato Nogal à empresa Emerald Energy PLC, propriedade da estatal chinesa Sinochem. Segundo o contrato, a empresa compromete-se a explorar uma área de 239.415 hectares, localizada nos municípios de Albania, Belén de los Andaquíes, Paujil, Florencia, Milán, Montañita, Morelia e Valparaíso, no Estado de Caquetá, com o objetivo de explorar petróleo pelos próximos 30 anos. A comunidade de Caquetá está especialmente preocupada com os danos que esta atividade petroleira poderia causar à água na região, devido às experiências negativas que tiveram no norte do Estado, em função do processo de produção de hidrocarbonetos que a companhia de capital chinês provocou. Por este motivo, a comunidade do sul do Estado não quer que a referida empresa continue presente em seu território. Atualmente, a Emerald Energy tem oito campos petroleiros na Colômbia, dos quais sete se encontram na região amazônica, nos estados de Caquetá e Putumayo. As operações desta empresa provocaram grandes prejuízos sociais e ambientais devido ao descumprimento da legislação ambiental e o conflito com as comunidades indígenas e camponesas. O caso da Emerald Energy é emblemático, dentro dos projetos chineses de energia e infraestrutura na Colômbia, que constam do relatório “Investimentos chineses na Colômbia: Como estão os projetos com participação chinesa no país?”, publicado há algumas semanas pela Associação Ambiente e Sociedade. Apesar da conjuntura do financiamento chinês na Colômbia ser diferente da tendência de alta vivida em outros países da América Latina, pelo fato de ainda não terem sido concedidos os empréstimos diretos por parte de entidades financeiras chinesas, o marco de cooperação existente entre os dois países mostra o crescente interesse da potência asiática pelo país. Este interesse crescente se reflete na constante participação de empresas chinesas nos processos de licitação pública na Colômbia, além dos vários projetos energéticos e de infraestrutura que se desenvolveram ou são desenvolvidos atualmente. O objetivo do relatório é descrever alguns destes projetos, dando ênfase à participação chinesa na Colômbia e as empresas envolvidas. Deste modo, a população tem a possibilidade de obter a informação clara para onde se direcionam os interesses do capital chinês no país, quais setores privilegiam e quais empresas estão participando desses projetos. Além do caso da Emerald Energy e do inventário das empresas chinesas que participam do setor petroleiro na Colômbia, o relatório apresenta o caso da Termelétrica GECELCA 3. O projeto foi desenvolvido pelas empresas China United Engineering Corporation e Dongfang Turbine Co., com atrasos de mais de dois anos e uma perda patrimonial para a Nação de aproximadamente US$600 milhões. Em termos de infraestrutura, o relatório expõe os projetos do Parque Industrial Buenaventura e o Projeto Produtivo Agrícola e Viário na região de Orinoquía e Altillanura. Estas obras buscam, no caso de Buenaventura, revitalizar o porto a partir da implementação de um modelo integral de desenvolvimento industrial, comercial, logístico e social, com o objetivo de atrair investimento público ou privado e melhorar a qualidade dos serviços de comércio exterior. No caso de Orinoquia, o objetivo é construir uma estrada que atravessará a região para transportar produtos agrícolas até o porto. Ambos os projetos seriam financiados pelo Banco de Desenvolvimento da China, ainda que, até o momento, e de acordo com informação fornecida pelo governo colombiano, nenhum desses projetos teve qualquer avanço. O último projeto que aparece na publicação é da Autopista de Quarta Geração Mar 2, que se constitui na primeira grande obra de infraestrutura concedida a uma empresa chinesa na Colômbia, e que estabelece a intervenção em 245 km, ao longo dos quais serão construídos 27 túneis e 22 pontes. O projeto, que seria de responsabilidade da companhia China Harbour Engineering Company Ltda, que é parte da China Communications Construction Company Limited (CCCC), busca conectar os municípios de Cañasgordas e Tigre, no estado de Antioquia e abrir uma nova rota para o mar.