Oceanos

Pesca ilegal leva boto mexicano à beira da extinção

A vaquita só é encontrada na região mexicana do Golfo da Califórnia
<p>imagem: <a href="https://www.flickr.com/photos/semarnat/5931901078/in/photolist-roBSpr-qrKps7-r8hHie-rrB5z6-ra3CCG-quPGcx-HCEJSW-HGU64g-rcvY9U-s9vXZr-rcvYbY-a3bxww-a3bxzf-aoYzmW-HEtbiN-s4QWjD-seNe3b-sj1gTy-smfMG6-smfMwg-rpumv8-uRCx61-smfMx8-sm8Uzu-sj1gPL-s2Y4sx-s4GV59-HGU61a-GRA2eq-HF3UKz-HEtbmd-vw2TMb-GRK9gc-GRK9he-HF3UPc-HLdyPN-HGU62n-smfME2-rRVEwN-zkwZEp-zkwZEK-zZVfmx-zkwZGi-AgeYrS-rcJGr4-HCEJWy-rS633g-GRK9iM-rS62Zk-Afaaz3/">SEMARNAT</a></p>

imagem: SEMARNAT

A população de vaquitas está encolhendo rapidamente por conta do aumento explosivo do comércio ilegal da totoaba, uma espécie protegida de peixe que habita as mesmas águas e cuja bexiga, na forma desidratada, supostamente tem qualidades medicinais. A vaquita, muitas vezes aprisionada por acidente nas redes dos pescadores de totoaba, hoje tem uma população de menos de 60 indivíduos, de acordo com um novo relatório divulgado pela Environmental Investigation Agency (EIA).

A pesca da totoaba é proibida desde 1977, mas o peixe ainda é comercializado ilegalmente em Hong Kong e no sul da China, onde as bexigas são usadas como tratamento para doenças de pele e problemas circulatórios. Cada peixe pode custar até US$ 50.000. Para escreverem o relatório “Collateral Damage” (Danos Colaterais, em tradução livre), os investigadores da EIA se passaram por compradores de bexiga de totoaba e encontraram um vibrante comércio do produto nos mercados de Shantou, Hong Kong, Shenzhen e Guangzhou.

“Há esforços significativos visando combater a pesca ilegal da totoaba e remover as redes de pesca dos locais habitados pela vaquita”, diz Clare Perry, líder da campanha da EIA para ambientes marinhos. Ela acrescenta que, para salvar o boto, serão necessárias ações internacionais coordenadas para eliminar o comércio legal de totoaba especialmente na China, seu principal mercado consumidor. No entanto, México e Estados Unidos seriam atores importantes nesta iniciativa, pois são pontos intermediários do comércio de totoaba, de acordo com os autores do relatório.

O documento foi divulgado pouco antes da conferência anual da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), realizada dia 24 de setembro em Johannesburgo, África do Sul, evento que apresenta uma oportunidade de se fortalecer a cooperação internacional para conservação da vaquita e da totoaba.

Zonas de exclusão

A EIA dá uma lista de recomendações para aumentar a proteção da vaquita e da totoaba, incluindo uma maior fiscalização dos mercados de frutos do mar nas províncias em que o peixe é sabidamente comercializado, como Guandong, no sul da China. Outra medida indicada seria ensinar os oficiais alfandegários a identificar a bexiga de totoaba.

No entanto, a entidade observa que algumas ações, como a introdução de zonas de exclusão de redes de pesca, devem ser estendidas para os barcos de pesca de corvina – um peixe comumente utilizado na culinária sul americana e que, de acordo com o relatório, é usado como fachada para a caça da totoaba.

De acordo com o governo mexicano, a pesca da corvina não representa uma ameaça direta à totoaba ou à vaquita, desde que as redes sejam usadas de maneira correta.

A EIA também argumenta que a proteção do boto e do peixe depende de uma maior conscientização dos consumidores da bexiga de totoaba, explicitando como a demanda pelo produto ameaça a sobrevivência da espécie. A bahaba, um peixe encontrado em águas chinesas e que também se acredita ter propriedades medicinais, já praticamente desapareceu por conta da pesca excessiva.

Consequentemente, a demanda pela totoaba explodiu, enquanto suas populações – e as da rara e endêmica vaquita mexicana – afundaram para os níveis mais baixos da história.